domingo, 20 de outubro de 2013

Sobre pássaros e elefantes

“É isso mesmo que você quer?”

As palavras lançadas no vazio. Pergunta retórica. Era aquilo mesmo. Ele sabia. A vontade alheia à sua pesava no peito dele. Não era o que ele queria. Aquela decisão violava a felicidade dele. O que ele entendia como felicidade, pelo menos. Com uma decisão, fez-se a falta. Não era culpa dele, havia sido dito. Não era culpa dele, mas eram dele as consequências. Todas as consequências negativas. Era no peito dele que se sentara o elefante da saudade. Mesmo antes da ausência, já pesava a saudade. Já sentia o bater do coração como passos do gigante mamífero. Esmagando a pequeneza da sua alegria. Um crime, fosse ele a corte a julgar. Por isso não poderia ser imperador. Seus poderes absolutos feririam sentimentos alheios ao dele. E sem poder injetar a felicidade como um antibiótico contra a insatisfação, ele acabaria triste ao ver a tristeza de quem precisa ir para ser feliz, mas não pode. Pássaros precisam voar, afinal. E elefantes precisam caminhar e sentar e pesar em peitos presos ao chão.

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