quinta-feira, 25 de julho de 2013

Me vê um de carne e um de pizza


É, desculpa, mas eu nunca tinha imaginado isso. Não assim, não com você. Aliás, desculpa de novo, nunca com você. Não que tenha algo errado, imagina. É que simplesmente nunca tinha cruzado minha mente. Mas aí, falando em cruzamento,  você veio e foi como uma batida na rebouças com a faria lima as 18h. Nada mais conseguiu acontecer. Tudo parou, apesar das buzinas. Apesar do sol que fazia e só servia para deixar todo mundo que não tem ar condicionado no carro um pouco mais bravo. Mas, assim como o cruzamento não poderia fazer nada, e não tem culpa de nada fora de estar ali, eu também não posso fazer nada.

Outra coisa. Parece que toda vez que eu me esforço um pouco para ser um pouco mais doce, um pouco mais “fofo”, é você quem fica mais irresistível. Um fenômeno que, não estivesse acontecendo comigo, eu conseguiria explicar facilmente. Mas as razões me escapam quando sou eu quem passa pela coisa. Nem tudo é literatura. Nem tudo faz sentido. Mas quem disse que precisava fazer, né? (ah, o clichê!)


Pela décima vez eu me agarro à música que você escolheu que ficou largada, ainda escolhida, na minha playlist. Hey, Lloyd, I’m ready to be heartbroken. O pior? Eu comecei com meu mantra tocado pelo she wants revenge: I don’t wanna fall in love. Porque eu não quero. Mas me incomoda que me parece que quando eu começo a me repetir isso, normalmente, já é tarde demais. Vamos fingir que ainda não é. Eu e você, juntos. Vamos falar que não é bem assim. Que ninguém nunca está realmente pronto para ter seu coração despedaçado, mesmo sendo essa a única decisão a ser feita. Que ninguém aqui sente nada. Vamos fingir que estamos tão vazios quanto um pastel barato na feira. Daqueles que deixam um olhar de decepção depois da primeira mordida. Com sorte, as coisas não vão murchar igual esse pastel. E ninguém vai precisar ter seu coração partido.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Vida

A vida quer te foder, meu amigo. O problema é que, ao contrário dos caras que talvez te batiam na escola, ela sabe fazer isso. É esperta. Cheia de recursos.

Ela não vai simplesmente fazer você se atrasar para o trabalho. Não. Ela vai fazer você se atrasar para o trabalho no dia daquela reunião importante. Você vai chegar todo nervoso. Estressado. Pronto para entrar e mandar muito bem logo depois que você se desculpar. Aí a reunião vai ter sido adiada. Viu? É assim que ela te pega. Você vai relaxar. Porra, não perdeu a reunião. Ótimo. Talvez até agradeça a vida.

Então você chega na reunião no horário. Normalmente você estaria nervoso com a reunião. Seu corpo ia estar trabalhando aquela adrenalina ali. Mas agora, você se acalmou porque não perdeu a reunião. Infelizmente, durante toda a sua vida você esteve nervoso nessas horas. É assim que você aprendeu. E aí as coisas não dão certo. Você faz um erro aqui e outro ali. Erros que você não faz. A coisa dá merda.

Agora, você não tem a vida para culpar. A vida até te ajudou, lembra? Você tava agradecendo a pequena vadia até pouco tempo. Então você não culpa ela. Você se culpa. E isso faz sua auto-estima cair. Aí, como é sexta-feira, você sai com seus amigos. Depois de umas cervejas, você vê uma mulher linda. Graças ao álcool, você consegue juntar toda a coragem para ir lá falar com ela. Cara, que mulher. Bom gosto, inteligência, beleza. O pacote completo. Mas você, por estar com a auto-estima baixa, acaba passando sinais errados. Acaba vacilando, demorando para falar, deixando de discordar por medo. Ela te acha meio bundão. Você e a vida, no entanto, sabem que ela é perfeita para você.

Nos dias seguintes ela não sai da sua cabeça. Sua experiência te diz o que você tem que fazer. Aquilo que funciona. Mas não funciona agora porque ela te achou meio bundão. Você não consegue avançar do jeito que está acostumado. Isso só piora a situação. Mas você é um cara legal. Ela até vê isso em você. Você, sem saber, tá com uma engrenagem quebrada que não te ajuda. Mas ainda assim as coisas avançam. Vocês combinam uma balada. Casual, leve amigos que ela leva amigas. A ideia é se encontrar lá, não passar a balada juntos. Você até consegue perceber, mas pensa que é a sua chance de arrumar as coisas. Pessoalmente é mais fácil.

E é nessa balada que ela se apaixona pelo seu amigo.

Você, puto, bebe demais. Vai para casa. Acaba acordando meio tarde porque o álcool deixou seu sono mais pesado. Justo no dia daquela sua reunião importante. Você, na verdade, só saiu na noite anterior por causa da mulher. A ideia era ir embora cedo, mas difícil controlar o impulso. O ciúmes daquilo que você não tem, mas quer. Nesse dia, a reunião não é cancelada. Nesse dia, você se fode. E já é seu segundo atraso, lembra?


Agora, sim, meu amigo, você fica puto com a vida. Sem saber que tem um bom tempo que ela já preparava o KY para enfiar no seu cu.

Da leveza do amor tranquilo

Ela me disse: eu quero a leveza de um amor tranquilo. Amor fácil, meu bem, é para quem tem dificuldade de amar. Para quem encontra no outr...