sexta-feira, 10 de maio de 2013

Aquellos Ojos Verdes


Nat King Cole. Buena Vista Social Club. John Coltrane. Miles Davis. Madrugada. A fumaça do cigarro subindo enquanto eu digito. Sério, por que eu faço isso comigo mesmo? Ah é, por causa de aquellos ojos verdes. Filhos da puta, aqueles olhos verdes. Eles olham para você como uma provocação. Parecem te dizer que você não deveria estar ali na frente deles. E fica fácil de acreditar quando eles vem tão bem acompanhados daquele nariz e daquela boca. A boca, no entanto, é muito mais acolhedora. A boca é um convite. Ainda mais emoldurando aquele sorriso. Ah, fazia tempo que eu não me torturava com uma descrição. Porque, para escrever isso, o rosto dela fica constante na minha frente. E do rosto para frente – ou melhor, para baixo – é só um pequeno passo em falso. E pronto, lá está. Aquela silhueta deitada na minha cama. Devidamente envolta nos meus braços. Não só eu deixei escapar, eu ainda levei em casa. Facilitei a partida. Uma tentativa de facilitar a partida da minha mente, talvez? Se foi isso, péssima jogada. Não adiantou nem um pouco. Agora, além dos meus olhos terem perdido os olhos dela, meus braços terem perdido a cintura e minha boca perdido a pele, meus ouvidos sentem falta da voz. Das palavras. Das dicas para que com algumas palavras eu conseguisse fazer aquela boca novamente emoldurar aquele sorriso. Então só me resta sentir o gosto da falta dela na ponta da minha língua enquanto o fundo da garganta aproveita o gosto da fumaça. Se você acha que a ignorância é uma benção, irmão, você nunca conheceu uma mulher que valesse a pena ter conhecido.

Da leveza do amor tranquilo

Ela me disse: eu quero a leveza de um amor tranquilo. Amor fácil, meu bem, é para quem tem dificuldade de amar. Para quem encontra no outr...