quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Dumas

“Qual seu nome mesmo?”
“Dumas”
“Sério?”
É, sua vaca, sério, o babaca do meu pai adorava os três mosqueteiros, mas era um roceiro e não sabia o que o “A” do A.Dumas queria dizer. E se você não fosse tão gostosa eu realmente falaria isso agora. Ao invés disso eu vou ficar com o: “Diferente, né?”
“É, da onde vem?”
Pelo amor de deus, paciência tem limite, ao contrário de burrice, pelo que parece. “Já ouviu falar dos três mosqueteiros?”
“Já, mas não conheço a história.”
“Homem da máscara de ferro?”
“Com o DiCaprio? Adoro ele! Mas o que que tem a ver? Achei que os três mosqueteiros fosse um livro.”
“É que o Dumas foi o roteirista. Eu tenho que ir no banheiro” Lá de casa “Depois eu volto.”
“Tá certo.”
Pelo menos meu pai não sabia a pronuncia certa de Dumas e eu fiquei com um nome menos bicha. Duas cervejas e uma mulher que não sabia quem foi Alexandre Dumas e eu sou obrigado a andar oito quadras até em casa. Ruas cheirando a mijo, iluminação péssima por causa das árvores. Sinceramente, a necessidade de estar perto do mínimo de natureza realmente é importante ao ponto de acabar com a iluminação de uma rua? Qual era mesmo o nome da mina do bar? Será que era Sabrina? Eu acho que era Sabrina. Mas quem se importa. Mais uma noite de merda. Vou passar duas horas sentado na bosta do sofá vendo algum filme babaca e enchendo a cara com qualquer coisa alcoólica que eu conseguir achar em casa. Depois eu vou bater uma punheta, tomar um banho e ir dormir. Sozinho. Mas foda-se. Só por mais um mês. Ai aquela grana vai entrar. E eu só tive que passar aquele documento. Trezentos mil reais por um pen drive. Melhor négocio que eu
Dumas Augusto Pereira, 27, foi encontrado por uma vendedora de pastel que estava a caminho do seu ponto às cinco da manhã. Os legistas afirmam que Dumas foi executado, considerando o padrão dos tiros, dois na base do crânio e três nas costas, que teriam sido desferidos com o corpo já no chão. Ninguém parece ter ouvido ou visto nada.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Camilo

Que se comporte como uma cadela, mas que não perca seus traços angelicais. E ele não estava fazendo uma concessão. Esse era o ideal. Eu falei pra ele que já tinha ouvido isso em algum lugar. Ele tomou mais um gole de cerveja e respondeu “Provavelmente”. Acendeu um cigarro e passamos mais alguns minutos em silêncio, admirando as mulheres que passavam na calçada onde nossas mesas estavam colocadas aquela tarde. Algumas andavam como se tivessem algum lugar para chegar, vestidas com terninhos e sapatos de salto alto e bico fino. Outras andavam como se já tivessem chegado aonde queriam, olhando os prédios da avenida paulista e procurando algum olhar empático nos transeuntes. Bastantes delas estavam no meio termo. Algumas ainda olhavam para baixo e andavam a meia velocidade, como se tivessem que decidir alguma coisa antes de chegar ao seus destinos e precisassem de um pouco mais de tempo. Eu olhei para meu companheiro de vagabundagem e percebi que apesar dos seus olhos estarem acompanhando os corpos que passavam, sua mente fixava-se em apenas um. “Você ainda não está completamente recuperado, né?” “Nem quero estar. Quero que a cicatriz fique, pra eu sempre poder lembrar” Eu dei um sorriso com o canto da boca e joguei meus olhos para o lado oposto ao dele. Ele entendeu. “Eu não posso ser sentimental?” “Pode, apesar de não combinar com seu jeito, mas ao menos seja original.” “Pra mim isso é novo, qualquer coisa é original”. Ambos trabalhávamos sob encomenda, em mercados diferentes, mas os dois mercados andavam fracos e isso dava tempo pra ficar bebendo cerveja na rua de tarde em um dia de semana. Eu me especializara em conseguir provas de adultério para maridos e esposas ciumentas. Ele em resolver problemas à moda antiga. Aprendi a não julgar as pessoas, mas admito que eu demorei um tempo para me acostumar com a idéia de conhecer uma pessoa assim. Não falávamos sobre trabalho, da minha parte era falta de decoro, da parte dele poderia manda-lo pra cadeira elétrica se ele morasse no Texas, um comentário que ele mesmo havia feito. Ele virou a cerveja, se levantou decidido e deixou uma grana em cima da mesa. Me olhou em confirmação ao valor e eu acenei que sim. Ele saiu andando, sem falar nada. Eu acendi um cigarro e olhei para o céu. Azul. Muito azul. Meu celular tocou. “Camilo falando” Silêncio do outro lado por um tempo. Eu já estava acostumado. As pessoas sempre pensam duas vezes antes de me contratar de fato. Pensam se elas querem realmente saber. Confiro a tela do celular pra ver se ainda há alguem na linha. Desligou. Que se comporte como uma cadela, mas que não perca seus traços angelicais. É, ele realmente tinha exatamente isso. Mesmo com toda a droga ela conseguia manter os traços angelicais. O telefone toca de novo. “Eu quero que você descubra se minha mãe está vendo alguem.” A voz era feminina. “Certo, me encontre no meu escritório, rua...” “Eu sei onde é” “Certo, estarei lá em meia hora” “Estarei esperando”.
Ela achava que a mãe dela estava vendo um garoto de programa. E achava que o garoto de programa na verdade queria dar um golpe do baú. Alias, ela disse que tinha certeza, mas que precisava de provas. Precisava convencer a família. Estava preocupada com a mãe. Na minha opinião ela estava preocupada com a herança. Mas eu aprendi a não julgar as pessoas. O nome dela era Vivian. A mãe se chamava Marta.
No mesmo dia eu comecei meu trabalho. Fui até onde a mãe dela trabalhava. Lugar chique, endereço chique. Era uma figurona de alguma empresa. O marido tinha morrido de um ataque do coração. Stress. Era o responsável latino-americano de uma multinacional. Ela já era rica quando eles se conheceram. Muito dinheiro envolvido realmente. Ela dispensou os seguranças quando saiu do prédio. Entrou num carro sozinha e dirigiu até um motel. Muito fácil. Principalmente porque eu já conhecia a menina que ficava na portaria do hotel, caso antigo que já tinha me poupado muito trabalho. Entrei, tirei as fotos de uma janela no teto, sai. Tudo resolvido. No outro dia eu fiz um doce, pro trabalho não parecer fácil demais. Depois eu entreguei as fotos pra menina e fui pro bar achando que tudo já tinha acabado.
Uma semana depois um babaca me procurou. Perguntou das fotos, da Marta, da Vivian. Foi depois dessas que eu reconheci o sujeito. O michê que tava fazendo a Dona Marta. O cara tava desesperado. Chorou no meu escritório. Por incrível que pareça ele tava fazendo a filha também. E não era realmente garoto de programa, num batia ponto nem nada, mas é tudo igual. Eu aprendi a não julgar as pessoas. Ele foi embora cabisbaixo e eu nunca mais ouvi falar dele. Três meses depois a Vivian foi dada como desaparecida. Um caso muito estranho. Eu só vi porque meu companheiro de vagabundagem acabou deixando o jornal aberto na página da notícia numa tarde dessas de bar quando ele foi atender um telefonema. O cara começou a namorar uma puta. Se comportava como uma cadela mas, como ele, já não tinha nenhum traço angelical. Tudo muito estranho, mas bem, eu aprendi a não julgar as pessoas.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Beatriz

Ela se deitou no meu sofá e dormiu. Não me deu tempo nem para guardar minhas chaves e mijar. Os pés sujos do chão da noite envoltos nas sandálias de tira de couro ou algo assim, que ela teve o cuidado de não jogar em cima do sofá. Poucas mulheres conseguem beber mais que eu e não cair, e ela não era exceção. E eu não digo isso me gabando de maneira nenhuma. São fatos. Eu venho de uma família de bêbados, não há nada que se possa fazer.
Eu me sentei em uma cadeira na sala, coloquei meus pés em cima do braço do sofá, perto dos dela, que por reflexo natural do sono já estavam manchando todo o estofado. Acendi o último cigarro da noite e olhei para ela. Beatriz. O nome dela era Beatriz. O tipo de mulher que simplesmente não existem perto de mim por mais do que os minutos que eventualmente se perde na fila do banco e alguma delas se posta atrás de você. Saia pseudo hippie e cabelo com dreadlocks. Essa em especial ainda acreditava que o “sonho” não havia morrido. Tinha saído da casa dos pais e ido vender bijouterias feitas de sementes na rua com o cara que ela acreditava ser o homem dos seus sonhos. O cara, como todo homem, não era tudo isso e acabou largando ela quando encheu o saco. Ela continuou vivendo com outros amigos hippies enquanto a depressão não bateu forte o suficiente. Quando bateu ela foi procurar mamãe e pedir desculpas. Colocou as coisas de volta em um eixo qualquer e agora seguia com a vida. Encontrei com ela em um bar, ela era amiga da namorada de um amigo meu que estava indo pra África trabalhar com crianças abandonadas e resolveu dar uma festa de despedida. Não me perguntem como eu conheço um cara que realmente cogita e vai pra África trabalhar com crianças, porque eu mesmo me pergunto isso às vezes. Mas de qualquer maneira, lá ela estava, sentada do lado da única cadeira vazia do lugar quando eu cheguei. Bebemos exaustivamente e quando o bar estava pra fechar ela me pediu pra levar ela para casa. No carro:

- Você mora aonde?
- Como assim?
- Você me pediu pra te levar pra casa, lembra?
- Sim, pra sua. Briguei com meus pais hoje e não queria voltar pra minha casa. Vai, eu te faço um omelete de manhã.
- Meus ovos acabaram.
- Eu te bolo o melhor haxixe da sua vida.
- Não to na pegada.
- Eu vou embora antes que você acorde.
- Não precisa. Relaxa.

Então aqui estamos. Comigo ainda me perguntando como essa mulher veio parar no meu sofá. E como diabos o pé dela ficou tão sujo.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Culpa

Então eu fui viajar e passei um tempo impossibilitado de postar. E depois toda a vez que eu pensava em postar eu queria postar textos que estavam no computador que eu não estava usando. A preguiça era maior e eu acabei sem postar. Agora eu estou me sentindo culpado de ter largado completamente o blog durante tanto tempo e coloquei um texto que merecia, sinceramente, uma revisão. Um dia eu falto, ele fica aqui pela idéia. Segue o texto e fica a promessa de mais regularidade nos posts.

e o que mais?


Eu sofro cronicamente de falta de assunto. O problema básico é acreditar que poucos assuntos são relevantes. E isso é extremamente problemático para mim por dois motivos. O primeiro é essa necessidade estúpida que eu tenho de escrever. Digo estúpida pelo claro paradoxo que se dá entre essas duas características minhas. Eu preciso escrever, mas eu não tenho absolutamente nada que eu acredite relevante para escrever sobre. E esse paradoxo gera momentos como esse, um idiota explicando porque as linhas anteriores do seu texto são tão irrelevantes e mesmo assim foram escritas. Foram portanto, escritas simplesmente para serem explicadas. E o segundo, e menos paradoxal, problema é que eu adoro o som da minha própria voz. Tratemos disso, que me pareceria tão inútil quanto, mas menos desinteresssante e metalingüístico que o meu primeiro problema, não fosse a epopéia que esse meu amor me levou a viver.
Pensando agora sobre isso me lembrei da primeira vez que eu ouvi minha voz sendo reproduzida por algo que não fosse minha boca, ou pelo menos uma das primeiras vezes, já que a lembrança dos meus primeiros anos não me é tão clara quanto para algumas pessoas que afirmam se lembrar claramente de sua festa de aniversário de três anos. Minha mãe adorava filmar, hábito que passou por forte decadência com o fim do vhs e o começo do dvd apenas para ser retomado com o século vinte e um e a mídia digital e o you tube e assim por diante. Esse hábito de minha progenitora gerou diversos vídeos, hoje completamente perdidos junto com o vhs e o interesse geral por eles, de festinhas e churrascos e confraternizações e jantares e natais e páscoas e todas essas possíveis desculpas para se fazer um vídeo. Eu me lembro de me ver falando pela TV que reproduzia o vhs gravado pela minha mãe de algum aniversário meu qualquer. Absolutamente nenhum efeito estranho. Para mim, tava tudo lindo e tudo bem. O choque veio mesmo depois de um tempo quando eu ganhei um gravadorzinho colorido da gradiente, salvo engano. Gravei minha voz. E depois cometi o pecado de escuta-la. O motivo de tal discrepância de realidade, a qual todos já devem estar acostumados, só foi resolvido na minha simplória mente muitos anos mais tarde por um professor de ciências que explicou que o som é formado de ondas – claro, professor, eu nado nas ondas do som todo dia com pink floyd – que não carregam matéria, mas que carregam energia, e que no entanto precisam de um meio material para se propagar – esse comentário do meio material foi a única coisa indispensável que eu escrevi até agora – normalmente no dia-a-dia esse meio sendo o ar. No entanto, a onda não é pré-conceituosa e se propaga em qualquer meio que aparece pela frente, mas se propaga de maneira diferente em cada meio que utiliza, sendo assim – finalmente – o som que eu ouço da minha própria voz não é o som que as pessoas ouvem da minha voz, mas sim uma mistura desse som com o som que eu ouço desse som se propagando pelos meus ossos da cabeça. E depois de um período de alta repetição da palavra som, eu posso agora concluir. Minha voz, na minha cabeça, é linda. Eu sinceramente me ouço como se eu fosse a merda do supra sumo da melodia. Suave, grave e marcante. Eu sou apaixonado pela voz que eu ouço na minha cabeça. Principalmente depois de passado o período cruel da vida de todo adolescente em que sua voz varia do agudo “mocinha cú doce” pro grave “viado eu? Nunca”. Depois disso minha voz conseguiu atingir o tom perfeito. Na minha cabeça, vale sempre a pena repetir. No entanto, pesquisas e a minha própria impressão, mostram que minha voz é mediana apenas. No máximo. Agora, imagine que eu tenho vontade de falar. Mas não tenho sobre o que falar e minhas tentativas de cantar nunca fizeram sucesso. Inclusive durante um tempo eu falava tão pouco que eu tinha dificuldade em pronunciar as palavras. Por deus, eu escrevia mais rápido do que falava. Porque sempre tem alguem que te faz escrever sobre alguma coisa, mesmo que você não esteja muito afim. Mas pouca gente quer realmente que você fale alguma coisa fora um mero “uhun” que não exige articulação bocal e nem me sacia a ânsia pela minha voz.
Sendo assim, passei alguns anos da minha vida tentando encontrar uma maneira de ouvir sempre a minha voz da maneira como eu a ouvia sem precisar ficar constantemente a procura de assunto. A primeira tentativa óbvia foi pegar um desses programas de emulação de voz, desses que menininhas bonitinhas e gostosas se utilizam para virar grandes cantoras pop mesmo sem conseguir falar sem desafinar no tom que elas cantam. O resultado não foi tão negativo, mas mesmo depois de dois anos estudando aqueles programas e fazendo diversas tentativas fracassadas eu não consegui chegar na minha voz exata. E depois disso eu desisti por algum tempo. Resolvi que ia seguir com a minha vida sem assunto, mesmo sem a beleza da minha própria voz. Mas assim como Narciso não conseguia viver sem olhar seu reflexo no espelho d'água, eu sentia falta da minha própria voz. Pensei até em ir a um psicólogo depois de um tempo, tamanha falta que minha voz estava fazendo em minha vida. Acreditei que estaria matando dois coelhos com um cajadada só, já que poderia passar pelo menos uma hora por semana explicando para alguem o motivo da minha tristeza e assim, já estaria diminuindo a mesma, com o som da minha própria voz. Algumas sessões depois tudo que eu consegui foi passar uma hora por semana olhando para o teto e ouvindo o psicólogo em vão tentar me fazer falar mais do que monossilabas com aquela voz irritante que ele tinha.
Tentei em vão achar uma voz tão boa quanto a minha. Ouvi todos os grandes cantores: Frank Sinatra, Pavarotti, Freddy Mercury. Nada. Participei de saraus de poesia, onde eu poderia ler poetas que eu gostava ao som da minha própria voz sem ferir os ouvidos de ninguém com as minhas desafinadas freqüentes de quando eu tentava cantar, mas eu não consegui achar nem um poema que valesse a pena ser lido frente a mais nenhuma outra pessoa fora eu mesmo no espelho. E simplesmente ler um poema pra si mesmo em voz alta já gerava algum descontentamento no meu prédio, de paredes finas e vizinhos chatos, que só não se incomodavam com as tv's ligadas porque eram ligadas sempre no mesmo canal, gerando um uníssono bizarro pelo pequeno prédio de três andares em que eu morava.
Tentei ir em karaokês, mas descobri que a minha voz saindo do alto falante era mais alta do que a minha voz na minha cabeça. Tentei fazer yoga e meditação, para que eu pudesse ouvir pelo menos um mantra entoado pela minha voz, mas além de não ser suficiente, eu não tinha a elasticidade necessária para mais da metade da aula e então comecei a ficar com vergonha de ir. Cheguei até a fazer aulas de teatro, mas os exercícios de confiança me deixavam muito desconfiado.
Já descrente de que um dia eu pudesse ouvir minha voz constantemente sem precisar de assunto, eu tive a idéia mágica. Seria OPERADOR DE TELEMARKETING. Horas e horas falando com uma pessoa que realmente não quer te ouvir. Perfeito. No entanto o trabalho era tão ruim que eu fui forçado a sair em menos de seis meses. Quase a mesma coisa aconteceu quando eu pensei em fazer pesquisa pessoalmente na rua, a diferença é que eu me sentia muito mal em abordar as pessoas cara a cara com uma coisa tão irrelevante que eu acabava não falando com quase ninguém. Pensei também em ir dar aula de história num cursinho pré-vestibular. Depois de um ano eu fui demitido porque todos os alunos tinham ido mal no vestibular em si. Aparentemente eu não dei a matéria que caia na prova, apesar de eu achar que eu só não havia dado o completamente irrelevante. Depois de ler a prova eu percebi que a irrelevância das questões era muito maior do que eu tinha previsto e resolvi nem tentar novamente. Mas aquele foi um bom ano.

Da leveza do amor tranquilo

Ela me disse: eu quero a leveza de um amor tranquilo. Amor fácil, meu bem, é para quem tem dificuldade de amar. Para quem encontra no outr...