quarta-feira, 3 de outubro de 2012


Eu enrolei o dia inteiro para escrever isso. Seja lá o que isso for. Eu enrolei o dia inteiro com palavras na cabeça que precisavam sair. Porque elas somem na minha memória. Como amigos da terceira série antes das redes sociais. Escrever é como adicionar as palavras no facebook. Aquela combinação específica pelo menos. Elas vão ficar lá, você não precisa mais visitar. Tem elas guardadas se um dia quiser fazer alguma coisa. Colecionadas em uma pasta cheia de textos antigos que até dá vontade de ver de vez em quando, mas com os quais você nunca mais mexe. Por medo. Por timidez. Por vergonha de ter abandonado uma coisa que na hora fazia tanto sentido.

Eu sou tão tímido que tenho vergonha de escrever algumas coisas que eu penso. Mesmo que ninguém vá ler. Tenho medo de marcar alguns pensamentos. “Não, que é isso, você não é tímido.” Diz a pessoa que nunca mais me viu sóbrio. A pessoa que já se aproximou o suficiente para eu saber que ela não vai fugir desesperada se eu falar alguma coisa ridícula. Eu tenho medo do ridículo. Opiniões me importam. Algumas mais que outras. Algumas são imprescindíveis. Prefiro escolher ser um-cara-legal-que-nunca-mais-eu-vi do que ser aquele-babaca-que-disse-aquela-merda.

Medo incapacitante. Medo da falta de relevância. Eu não sei fazer small talk. E se me dão corda eu falo demais. Me abro com coisas que eu deveria deixar esquecidas. Que não importam. Como a criança que vai falar com seu amor de escola e na falta de certeza sobre o que dizer manda um “eu comi uma mosca hoje de manhã”.

Eu achava que escrever era organizar bem as palavras. As malditas hoje entram em fila para me dizer que sou eu quem precisa querer dizer alguma coisa. Que sem minha voz, elas são um conjunto de balé só com solistas. E que por mais que elas possam impressionar, bonito mesmo é a coreografia.

Ahh, Drummond, eu demorei tanto para entender.

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