“É isso
mesmo que você quer?”
As palavras
lançadas no vazio. Pergunta retórica. Era aquilo mesmo. Ele sabia. A vontade
alheia à sua pesava no peito dele. Não era o que ele queria. Aquela decisão
violava a felicidade dele. O que ele entendia como felicidade, pelo menos. Com
uma decisão, fez-se a falta. Não era culpa dele, havia sido dito. Não era culpa
dele, mas eram dele as consequências. Todas as consequências negativas. Era no
peito dele que se sentara o elefante da saudade. Mesmo antes da ausência, já
pesava a saudade. Já sentia o bater do coração como passos do gigante mamífero.
Esmagando a pequeneza da sua alegria. Um crime, fosse ele a corte a julgar. Por
isso não poderia ser imperador. Seus poderes absolutos feririam sentimentos
alheios ao dele. E sem poder injetar a felicidade como um antibiótico contra a
insatisfação, ele acabaria triste ao ver a tristeza de quem precisa ir para ser
feliz, mas não pode. Pássaros precisam voar, afinal. E elefantes precisam caminhar
e sentar e pesar em peitos presos ao chão.
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