Subiu a rua cambaleando. Era comum. Os últimos trocados
compraram a última cerveja. Valia a caminhada de volta para casa. Claro, não
valia de verdade, mas na hora a decisão era fácil. A caminhada ainda era só uma
ideia. Mas a cerveja passava, e a caminhada chegava. Era comum. Subir aquela
rua cambaleando.
Ela tinha entrado no bar com o nariz empinado. O nariz
apontava para onde os olhos queriam estar. Longe dele. O paradoxo é que eles,
os olhos, entraram lá sabendo que encontrariam os dele. Eventualmente.
-Você falou que não queria me machucar.
-Verdade
-Verdade só que falou. Mentira que não queria machucar.
-Errei. Acontece. Mas você ainda duvidou.
-Errei. Mas acontece, né?
O nariz saiu baixo. Não sabia o que queria quando entrou.
Não queria mais ele, ele pensava. Ele não sabia o que dizer, o quer fazer.
Ficou parado e se deixou ficar sozinho. A última cerveja. A última companhia.
Subiu a rua cambaleando. Era comum. Atravessou a rua e
desceu a escada que levava da rua superior ao viaduto. O caminho seguia por
ali. Por baixo.
No fim da escada, uma parede. Nova. Digo, a parede não
estava lá antes. Mas tinha aparência de ter estado lá há muito tempo. Desgastada
pelos anos, era como se ela tivesse se mudado para o caminho dele. Liberado o
caminho de outro e resolvido fechar o dele.
Sem certeza de como prosseguir, sem entender a simplicidade
de voltar, ele se sentou e encarou a parede que se ergueu no seu caminho. Ali
ela estava e ali era ficaria. Imóveis. Ele e a parede. Frente a frente. Até um
deles desistir.
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