Ele gostava de colecionar print screens. Sabe? Quando você
meio que tira uma foto da tela do seu computador? Era isso. Gostava depois de
ver a vida dele por meio desses momentos. Achava, inclusive, que mais pessoas
deveriam fazer isso. Todo mundo tira fotos de viagens e de bares e de
amigos. Mas a vida delas é em
frente a uma tela de computador. Aqueles eram os momentos nos quais as pessoas
eram mais elas mesmo. A rotina. O contato social somente por uma janela
piscando com texto.
Gostava de fazer isso no computador mais do que no celular.
Mais coisas acontecendo ao mesmo tempo. Aplicativos são muito específicos,
muito orientados para uma coisa só. Perdem o sentido se você quer marcar um
momento normal de hoje. Afinal, sempre estamos fazendo tantas coisas ao mesmo
tempo.
Ele prestava atenção em cada janela aberta. Cada mensagem
enviada que podia ser lida. Cada mensagem ignorada, qual teria sido? A memória
falha, naturalmente. Tantas coisas, tão rápido. Tão longe. Mas o que mais
ficava, o que ele nunca perdia mesmo nos prints mais antigos, era o motivo de
aquela imagem ser relevante para ele. Em cada um, uma verdade. Um momento
inesquecível passado em frente a uma tela de computador.
Em cada um, uma oportunidade perdida de estar em um lugar de
cada vez.
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