sábado, 10 de janeiro de 2009

Karen

Ela andou pela sala com um pedaço de papel que estava na carteira dele. Ele não se importava que ela mexesse na carteira dele porque, afinal de contas, ela só fazia isso pra organizar mesmo. Coisa que ele não faria nunca se dependesse dele.

Zacarias.
Oi.
Todos esses nomes? O que é?
São só nomes, Karen.
Você não tá escolhendo nome pra bebê?
Não.
Tá escrevendo um livro?
Hein?
Qual o problema?
Eu também não vou plantar uma árvore.
Não entendi.
Relaxa.
Só nome de homem...
Sim.
Por que ?
Porque ele ainda não aprendeu a mentir tão bem.
Ele quem?
Ele.
É um caso?
Engraçado essa ser sua terceira idéia, considerando que eu sou detetive.
Alguem te pagou pra achar essa pessoa?
Não, esse eu to fazendo por um amigo meu.
Quem?
Oswaldo. Ele me pediu por causa de um amigo dele.
E você tá quieto por causa disso.
É.
E isso na minha frente é um pedido pra fazer você esquecer disso.
Pode ser. Não foi proposital, no entanto.
Nunca é. É só uma reação que você tem.
Você diz como se fosse frequente.
É frequente.
Mesmo?
Mais do que você pensa. Eu sei o que fazer quando se trata de você.


Ele riu com o canto da boca. O mesmo sorriso bobo que ele só dá quando está com ela. Ela colocou as pernas em volta dele e depois o braço. Fez isso pelas costas, pra que ele pudesse se acostumar com a presença física dela. Encostou a cabeça nas costas dele e ficou até sentir a respiração dele se aprofundar. Disso pra frente era fácil. Ele era fácil pra ela. E ela gostava disso. E pra ela, as pessoas tem que fazer apenas as coisas que elas gostam. Todo o resto é desperdício de vida. E pouca gente desperdiçou tão pouco a vida quanto ela.

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