A luz piscava acelerada e corria pela parede e pelo teto, filtrada em cores e no ritmo da música alta que tocava. Entre os momentos de escuridão, eu vi ela dançando. Nada nunca havia se movido daquela maneira. Meu coração começou a bater tão rápido quanto a caixa do punk que tocava. Ramones.
Depois de anos sem fazer isso era chegada a hora. Era como se eu fosse um adolescente que sai de noite pela primeira vez. Oi, tudo certo? Desculpe a intromissão, eu só queria perguntar seu nome. Afinal, eu nunca vi ninguém dançar assim tão bem. É Joana. Muito prazer, Joana. Eu sorri. Ela parecia uma mulher diferente de perto. Ainda bonita, mas sem todo o charme que a movimentação dava pra ela. O meu é Oswaldo, muito prazer. Eu saí dali pouco depois. Estava me sentindo muito desconfortável. Falta de prática é uma merda. Fui buscar uma bebida e me preparar pra tentar de novo. Pensei na Alice pela primeira vez aquela noite. Acendi um cigarro e me encostei na parede do lugar. Tinha ido com um amigo, que agora estava conversando com uma mulher no canto, e eu não achei que era a hora de interromper ele. Percorri o lugar com meus olhos e encontrei olhos que mereciam ser olhados. Mas que como de costume não estavam voltados pra mim. Auto estima baixa desde o fim do namoro. Abaixei meus olhos e tentei fazer com que o pensamento saísse da minha cabeça. Quando eu levantei meus olhos novamente, os olhos dela estavam voltados para mim. Bastante perto, inclusive. Mé dá um cigarro? Claro, e me desculpe, mas qual o seu nome. Ela pegou o cigarro da minha mão e falou: Joana. Conversamos por dois minutos, eu ainda pensando na coincidência do nome repetido. O lugar era pequeno, não deveriam ter mais do que 200 pessoas lá. 100 Mulheres, considerando uma proporção meio a meio. E Joana não é um nome comum. Eu havia conhecido apenas uma em toda minha vida. E agora, duas numa noite. Foi então que ela me disse que apesar de ter adorado conversar comigo, ela tinha vindo pegar um cigarro pra ir embora fumando. Eu me despedi e fiquei feliz com a conversa. Meu amigo acabava de ser deixado sozinho pela amiga com a qual ele conversava antes. Não era feia, mas também não chamava a atenção. Comentei com o Emílio sobre a amiga e ele apontou outra mulher. Aquela ali vale a pena. Eu fui lá. Qual seu nome? Joana. Eu não acreditava. Achei que era um sinal. Conversei com ela. O resto da noite inteira. Ela me deu o e-mail. Eu fui embora acreditando que as coisas dariam certo. Sem pressa. Até porque haviam especificidades que não merecem ser comentadas que impediam qualquer outra atitude. Uma música na minha cabeça, que ela havia comentado que era a favorita dela do Smiths. Bigmouth Strikes Again. A única coisa que eu posso dizer é que naquele dia eu de fato descobri como Joana D'arc se sentiu quando foi traída, como diz a música citada. Me despedi de Emílio e nunca mais encontrei nenhuma Joana.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
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