terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Uma Investigação Sobre Sentimentos - Parte 1


Tem mulher na minha vida que gerou um livro inteiro, mulher que gerou vários contos, mulher que gerou poema, música postada no facebook e tem mulher que não virou nem um tweet.

E não é o tempo. Algumas ficaram não mais que uma hora na minha vida e sumiram deixando uma produção significativa escorrendo pelos meus dedos. Enquanto outras passaram meses e saíram sem deixar nem um vazio para trás.

Também não chega a ser a intimidade. Digo, dessas forçadas que existem por causa de sexo. Alguns beijos me tiraram o chão e alguns sexos não me inspiraram a sair da cama nem para abrir a porta.

A beleza talvez tenha uma correlação maior. É fácil pensar que as mais bonitas foram as que mais mexeram comigo. Mas talvez tenham mexido comigo exatamente porque beleza é subjetivo. Deixa eu explicar melhor, eu achei elas mais bonitas porque elas mexeram comigo. Se for analisar a opinião dos outros - uma média do mundo, pessoas com outras opiniões, uma tentativa de chegar a uma análise de beleza imparcial - talvez essa correlação fosse mais fraca. Talvez nem existisse. Eu tenho, afinal, um gosto peculiar. Por assim dizer.

Não queria jogar a resposta para um suposto charme ou uma química sem equação que a defina. Nada mais preguiçoso que apelar para coisas que não podem ser explicadas. Não. Tem que existir alguma coisa a mais. Contexto é uma desculpa que faz sentido, mas falha em entregar uma solução. Joga toda a responsabilidade para fora de mim. Pode influenciar, como tenho certeza que já influenciou, mas não leva a nada. É como inspiração. Uma hora, quando você começa a criar profissionalmente, você tem que admitir que ela pode até ajudar, mas nunca definir.

Então o que? Personalidade? Alguma coisa no jeito de falar. Alguma coisa na escolha de palavras e nas ideias. A maneira de expresssar os pensamentos. Ninguém é terrivelmente original às 2h da manhã com música alta tocando e gente esbarrando em você. A não ser que você só seja original às 2h da manhã com música alta tocando e gente esbarrando em você. Mas aí é tipo uma mutação e eu acho que nunca conheci ninguém assim.


Mas aí, quais são os traços? O que eu consigo identificar de longe que me dê o impulso de escolher, entre tantas pessoas, aquela cuja personalidade vai derreter o cubo de gelo da minha fonte literária? E, mais importante, por que? Mas, bem, uma coisa de cada vez. Não dá para pensar nisso o dia inteiro.

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