É, desculpa, mas eu nunca tinha imaginado isso. Não assim,
não com você. Aliás, desculpa de novo, nunca com você. Não que tenha algo
errado, imagina. É que simplesmente nunca tinha cruzado minha mente. Mas aí,
falando em cruzamento, você veio e
foi como uma batida na rebouças com a faria lima as 18h. Nada mais conseguiu
acontecer. Tudo parou, apesar das buzinas. Apesar do sol que fazia e só servia
para deixar todo mundo que não tem ar condicionado no carro um pouco mais
bravo. Mas, assim como o cruzamento não poderia fazer nada, e não tem culpa de
nada fora de estar ali, eu também não posso fazer nada.
Outra coisa. Parece que toda vez que eu me esforço um pouco
para ser um pouco mais doce, um pouco mais “fofo”, é você quem fica mais
irresistível. Um fenômeno que, não estivesse acontecendo comigo, eu conseguiria
explicar facilmente. Mas as razões me escapam quando sou eu quem passa pela
coisa. Nem tudo é literatura. Nem tudo faz sentido. Mas quem disse que
precisava fazer, né? (ah, o clichê!)
Pela décima vez eu me agarro à música que você escolheu que
ficou largada, ainda escolhida, na minha playlist. Hey, Lloyd, I’m ready to be
heartbroken. O pior? Eu comecei com meu mantra tocado pelo she wants revenge: I
don’t wanna fall in love. Porque eu não quero. Mas me incomoda que me parece
que quando eu começo a me repetir isso, normalmente, já é tarde demais. Vamos
fingir que ainda não é. Eu e você, juntos. Vamos falar que não é bem assim. Que
ninguém nunca está realmente pronto para ter seu coração despedaçado, mesmo
sendo essa a única decisão a ser feita. Que ninguém aqui sente nada. Vamos
fingir que estamos tão vazios quanto um pastel barato na feira. Daqueles que
deixam um olhar de decepção depois da primeira mordida. Com sorte, as coisas
não vão murchar igual esse pastel. E ninguém vai precisar ter seu coração
partido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário