Como redator publicitário, a palavra que eu mais ouço é
“não”. Não necessariamente em forma de palavra, o “não” tem outras formas mais
sutis. Um leve traço do lado de um título, uma página devolvida (normalmente isso
é uns 10 “não”’s ao mesmo tempo), ás vezes só o silêncio e a espera do estilo
“e o que mais?” é suficiente.
Mas ainda como redator publicitário, normalmente, eu sei que
posso contar com um eventual “sim”. Por exaustão que seja, não precisa ser o
“sim” entusiasmado de uma grande ideia. E apesar de vários desses
consentimentos depois se tornarem “não”, cada um deles tem seu valor. Cada um
deles me deixa feliz. Cada um deles tira o peso de uma centena de “não”’s. Até
porque, é isso que faz com que o “sim” seja mais valioso.
Por isso, eu aprendi a lidar bem com a negativa. A palavra
“não” não me assusta. Ela é um desafio. E quando um desafio é bem apresentado,
dá vontade de superar. Criativamente falando, o “não” é um motor no barquinho
de pedalar.
Como ser humano, eu tenho um problema com o “não”. Eu acho
que é porque nem todo mundo está preparado para ouvir a palavra. Todo mundo
acha ela muito forte. Como se ter uma opinião pudesse ofender. Ai, eu acabo
disfarçando alguns. E as pessos disfarçam alguns de mim. E ai ninguém tem
certeza. E ai coisas que são “nãos” velados se tornam só dúvida. E ai coisas
que são de fato “talvez” se tornam “não”. A experiência se atrapalha ao avisar
e na falta vai a intuição.
Para deixar claro, um amigo recebeu um convite de uma moça.
Ele não queria sair com ela, então comentou que estava bastante ocupado. Isso
não é um “não” claro. Isso é “depois”. Bem, a menina entendeu, mas se não
estivesse com pressa, poderia ter se segurado àquela vontade e “depois”
convidar de novo, esperando um “sim”. E, digamos que meu amigo estivesse só
muito ocupado, mas quisesse sair com a menina “depois”. Pronto, os dois se
perderam nessa besteira. Tentando não atingir um orgulho bobo.
Fica aqui meu manifesto pelo “não”. Isso não significa
sempre dizer “não”. Isso significa dizer a negativa sem medo. Porque o que fode
é a expectativa quebrada. Quando não há esperança, ninguém sofre sem motivo.
Falando nisso, também tenho um problema com esperança, mas ai fica para depois.
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