quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Palavras


Todos vivemos em meio a palavras. De amor, de ódio, sobre o tempo, sobre sexo. Todos nos afogamos em declarações. E ai, o que faz uma frase ficar? A boca que a diz? O tom em que é dito? O significado combinado das palavras? Ou a promessa tirada disso pelos nossos desejos?
Eu só entendo o que eu quero entender. E você também.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012


Sem saco para criar. Sem saco para criar coisas específicas. Tipo quando você pega guitarra e quer só brincar. Nada de tocar música, compor, fazer exercício. Só brincar. Tirar uns bends. Tocar com as distorções mais bizarras. Só segurar a guitarra nos seus braços. É tipo isso, mas com palavras. Só vontade de segurar elas nos braços e dar um beijo na cabeça. Aquele bem no topo, meio pai para filho. Só sentir as sonoridades e as sensações da assonância. Sem especificidades. Só um sentimento sincero de solidariedade. Mas foda-se. Não existe muito tempo para apreciar as palavras por elas mesmas. Elas tem que fazer sentido. Entrar em ordem. Formar a fila da argumentação. Quietas e com um braço de distância. E quando elas estiverem prontas, vão cantar o hino de alguma bandeira. Porque nada é gratuito. Todas as palavras só fazem sentido de verdade quando estão nos seus devidos lugares. Sozinhas, no canto, observando tudo de fora, elas são apenas fantasmas. Bêbados solitários em uma festa para a qual elas foram convidadas mas não conhecem ninguém. Eu cansei de fazer parte. Assim como “supimpa”. “Olerite” também está vendo sua roda de amigos se afastar. Já não atendem mais os telefonemas e demoram para retornar quando veem a chamada. As mensagens ficam arquivadas, deixadas para ser respondidas num depois que sempre é depois. O depois mais puro de todos. Eu termino isso aqui depois.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Diga não


Como redator publicitário, a palavra que eu mais ouço é “não”. Não necessariamente em forma de palavra, o “não” tem outras formas mais sutis. Um leve traço do lado de um título, uma página devolvida (normalmente isso é uns 10 “não”’s ao mesmo tempo), ás vezes só o silêncio e a espera do estilo “e o que mais?” é suficiente.
Mas ainda como redator publicitário, normalmente, eu sei que posso contar com um eventual “sim”. Por exaustão que seja, não precisa ser o “sim” entusiasmado de uma grande ideia. E apesar de vários desses consentimentos depois se tornarem “não”, cada um deles tem seu valor. Cada um deles me deixa feliz. Cada um deles tira o peso de uma centena de “não”’s. Até porque, é isso que faz com que o “sim” seja mais valioso.
Por isso, eu aprendi a lidar bem com a negativa. A palavra “não” não me assusta. Ela é um desafio. E quando um desafio é bem apresentado, dá vontade de superar. Criativamente falando, o “não” é um motor no barquinho de pedalar.
Como ser humano, eu tenho um problema com o “não”. Eu acho que é porque nem todo mundo está preparado para ouvir a palavra. Todo mundo acha ela muito forte. Como se ter uma opinião pudesse ofender. Ai, eu acabo disfarçando alguns. E as pessos disfarçam alguns de mim. E ai ninguém tem certeza. E ai coisas que são “nãos” velados se tornam só dúvida. E ai coisas que são de fato “talvez” se tornam “não”. A experiência se atrapalha ao avisar e na falta vai a intuição.
Para deixar claro, um amigo recebeu um convite de uma moça. Ele não queria sair com ela, então comentou que estava bastante ocupado. Isso não é um “não” claro. Isso é “depois”. Bem, a menina entendeu, mas se não estivesse com pressa, poderia ter se segurado àquela vontade e “depois” convidar de novo, esperando um “sim”. E, digamos que meu amigo estivesse só muito ocupado, mas quisesse sair com a menina “depois”. Pronto, os dois se perderam nessa besteira. Tentando não atingir um orgulho bobo.
Fica aqui meu manifesto pelo “não”. Isso não significa sempre dizer “não”. Isso significa dizer a negativa sem medo. Porque o que fode é a expectativa quebrada. Quando não há esperança, ninguém sofre sem motivo. Falando nisso, também tenho um problema com esperança, mas ai fica para depois.

Da leveza do amor tranquilo

Ela me disse: eu quero a leveza de um amor tranquilo. Amor fácil, meu bem, é para quem tem dificuldade de amar. Para quem encontra no outr...