Ele andou pelo quarto olhando para as paredes. Abriu a porta do armário, e depois a gaveta na qual ele quase nunca mexia. Puxou um álbum de fotografias. Antigas, naturalmente. Afinal, não são antigos todos os álbuns? Pessoas que sumiram da vida dele sem deixar vestígios. Por distância, por rancor, por morte. O mais triste de todos os motivos, ele achava, era o da insignificância. Porque essas pessoas estavam lá? Era bom o sentimento de que elas se importavam, ao menos na época das fotografias, no entanto. O sentimento realmente bom era ver pessoas que haviam perdurado até aquela data. Que por uma série de motivos haviam se mantido bravamente em sua vida.
Mas ele não se focava nessas pessoas enquanto passava o álbum, apesar de serem elas o motivo pelo qual ele ainda aguentava vê-lo. Outras pessoas que haviam sumido e seus motivos específicos o atraiam mais naquela tarde ensolarada, que deveria estar nublada fosse o mundo um filme. Uma delas era sua primeira namorada. Motivo de tantas brigas e de tantas mudanças em sua vida. Brigas não apenas conjugais que se espalharam por outras áreas de sua vida. E que vieram a gerar o término daquela primeira tentativa de amor. Não que de fato, sob todos os julgamentos pelas pessoas de fora, aquilo não passasse de um mero treino. E não que essas pessoas todas não estivessem perfeitamente certas quanto ao destino do relacionamento. Mas pra ele, na época, aquilo era real. Como os melhores treinos deveriam ser. E aquilo realmente havia feito ele crescer de diversas maneiras. Havia ensinado a ele como aguentar a decepção e a rejeição, mesmo que a duras penas.
A outra era seu amigo, Emílio. A maneira como as coisas haviam acontecido o incomodava. E ele pretendia resolver tudo. Descobrir exatamente como tudo ocorrera. Apesar do simples pensamento sobre o assunto o angustiar de uma maneira que ele classificaria como “indescritível”.
Foda-se. Ele se levantou, jogou o álbum em cima da mesa e saiu de casa. Tinha um encontro ao qual não podia mais faltar.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
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