Bem, como iso é um blog e afinal de contas nem todos os textos que eu posto aqui são necessariamente ligados a esse projeto dos nomes, apesar de ultimamente ter sido isso que tem me motivado, eu devo essa explicação que eu vou dar agora. Pelos próximos 13 posts relacionados a esse projeto estaremos dentro do nome Isabel. Eu vou adicionar a tag a ele também, caso haja vontade de olhar coisas específicas dentro dele, afinal de contas são 13 capítulos só disso e ele é bastante mais linear do que os outros posts. Segue então o primeiro capítulo de Isabel.
Isabel
O começo do agora
Ela conseguiu um jeito de me segurar. Por toda a eternidade. Eu tinha certeza que não haveria maneira. Ela entrou na minha cabeça como ninguém mais nunca havia conseguido. Eu era minha própria prisão. Preso a minha moral e ao meu tesão. Meus olhos e meu tato indefinidamente controlado pelas palavras que entravam no meu ouvido. Ela sabia quando me empurrar. Ela sabia controlar meus acessos de raiva, os quais foram se tornando mais e mais constantes conforme eu ia tomando conhecimento do meu estado, da minha condição. Do meu inferno.
Eu conhecia meus pecados, o que nunca fez de mim um homem melhor. Mas quem se importa? Mas agora eu cansei de pecados e interrogações. De agora em diante somente meu ponto final, no máximo uma vírgula ou outra, e só quando for indispensável para a sua respiração camarada leitor como ensinava a tia da terceira série “vírgula é para o leitor dar uma pausa e respirar” mas me acompanhe desconhecido confidente através da linha imaginaria que traçaste logo abaixo das letras para não perder a linha certa aonde o fio do raciocínio se segue e quem sabe para concretizar a imagem das entrelinhas sussurrando segredos no seu ouvido e contando tudo que está oculto para olhos incultos nesse texto, incógnito leitor, acompanhe o relato de como eu rompi as barras da minha antes intransponível cela e corri livre quase sem virgulas e sem interrogações até o meu inevitável ponto final aonde morre o autor deste texto mas que fique bem claro que falo do autor e não da máquina que agora aperta as teclas de outra máquina que materializa palavras em uma tela logo a frente da máquina anterior e talvez venha a enviar ordens para que a tinta de outra máquina se derrube no branco virgem de uma folha de papel. Cansei. Quero vários pontos finais. Ininterruptas pausas. Doses homeopáticas de morte. Assim, eu posso enfraquecer o texto e as frases para elas morrerem já cansadas de existir. Para que outra frase possa nascer e construir a história do texto, que eventualmente morre para o nascimento de outro texto, com um novo autor. E, depois do meu momento de euforia, voltemos ao relato do meu trabalho para romper minhas barras e seu conseqüente sucesso. Mas primeiro falemos Dela.
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