Eu poderia de fato elencar 50 motivos de por
que você. Eu poderia escrever uma tese sobre isso. Apresentar na frente de uma
banca, que ia ficar tão emocionada com a qualidade do trabalho que eles iam me
aprovar magna cum laude – ou qualquer
coisa assim – em meio a abraços emocionados e lágrimas discretas. Eu poderia
fazer um filme com um elenco famoso que ia fazer tudo de graça pela qualidade
do roteiro. Ganhar prêmios em festivais de filme independentes e ser a surpresa
do Oscar.
Eu poderiam mudar para a montanha e ser o
ermitão dos 50 motivos de por que você. E as pessoas iam escalar a montanha
para me ouvir falar. Com a barba chegando na cintura, eu ficaria sentado de
pernas cruzadas pensando em perguntas sem respostas e dando conselhos
tautológicos para testar a sabedoria dos peregrinos que se arriscassem.
E ainda assim, isso não ia mudar nada. Nenhum
dos 50 motivos de por que você envolve a resposta de por que eu. Quantos mais
motivos de por que você, menos motivos existem para que seja eu do outro lado.
No fim, o verdadeiro motivo de por que você,
o único que importa, é por que sou eu do outro lado. E, para mim, parece certo.
Porque parece que tudo que eu sou foi a construção de alguém que consegue
explicar todos os motivos de por que você.